Melhoramentos de

Campos nativos

As pastagens naturais constituem um ecossistema riquíssimo compreendendo ao redor de 1/3 do planeta. Nas últimas décadas essas formações vegetais têm sido substituídas para dar espaço principalmente as lavouras anuais e perenes, o que tem levado a perdas significativas do ambiente natural global. No Cone Sul as pastagens ou campos naturais fazem parte do Bioma Pampa que compreendem a Metade Sul do RS, todo território uruguaio, parte da Argentina e sul do Paraguai. Na metade norte do Rio Grande do Sul, parte do planalto catarinense, e campos gerais do Paraná estão inseridos no bioma Mata Atlântica e constituem os denominados campos sulinos. 

Essas formações campestres têm como vocação principal a produção de carne, lã, couro, leite, ovos, fornecendo parcela relevante de emprego e renda na região além de cumprir um papel multifuncional em relação aos serviços ecossistêmicos. O valor dos campos nativos reside no fato que a natureza decidiu que esse é o tipo de vegetação mais adequado para o clima e solos regionais. É ela que permite sequestrar carbono, conservação do solo, filtrar e armazenar águas, manter a fauna particular incluindo polinizadores e ainda constituir paisagem de valor cênico inigualável. Apesar de sua importância ecológica e da potencialidade econômica demonstrada o que se observa é uma gradativa substituição dos campos nativos do bioma pampa por monocultura extensiva ao ponto de reduzir a sua cobertura vegetal no território estadual dos originais 63% para os atuais 23%. O pesquisador Carlos Nabinger demonstra que é possível aumentar 300% a produtividade animal em campo nativo apenas com adequado ajuste de carga animal e do diferimento estratégico de potreiros. Isso significa passar da média estadual atual de 70 quilos de peso vivo produzido por hectare/ano para mais de 200 quilos sem qualquer custo adicional produzindo produtos com qualidades superiores para nutrição e saúde humana.

“A Estância Santa Maria Isabella adotou práticas sustentáveis com a implementação do projeto Melhoramentos de Campos Nativos utilizando o diferimento como ferramenta importante garantindo maior oferta de forragem para o gado”.

O diferimento consiste em protelar o pastoreio, até que haja terminado a maturação das sementes, das espécies desejáveis. Terminada a disseminação, a pastagem é novamente ocupada pelos animais até a estação de crescimento seguinte, quando são retirados, permitindo a germinação e o estabelecimento de novas plantas, garantindo a renovação e o adensamento do campo. Os nossos campos nativos são considerados especiais, uma vez que apresentam um grande número de gramíneas e leguminosas (aproximadamente 800 e 200 espécies respectivamente). O manejo adotado pela propriedade de forma consciente de que o descanso dos piquetes ou, até mesmo, com ajuste de carga animal, são técnicas muito importantes para o campo trazendo equilíbrio no processo produtivo. Adubar, diferir, roçar, utilizar racionalmente os recursos hídricos com o respectivo armazenamento de água sobre o solo, são técnicas de manejo com excelente resultado que são aplicadas na estância.

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